29/07/2016
Você está preparado para gerir sua crise?
Com a constante onda de notícias ruins em nossa economia, afetada principalmente por erros de condução política e escândalos de corrupção, muitas empresas se veem obrigadas a adotar medidas drásticas, como redução de pessoal, corte nas despesas fixas, mudança de fornecedores e, concomitante a essas ações internas, há uma externa e de vital importância, que se resume a cobrar os créditos devidos pelos clientes. Todas essas medidas geram, certamente, dois tipos de impacto: na sociedade onde a empresa está localizada e nos devedores/clientes, na medida em que passam a ser cobrados com mais determinação. De fato, adotar essas medidas acaba sendo de fundamental importância para mitigar os impactos da crise e permitir à empresa uma sobrevida durante o período de tempestade. Ditas tarefas são essencialmente administrativas, diriam alguns. Todavia, em um mercado onde os setores da empresa trabalham cada vez mais em conjunto, visando dar maior agilidade e rapidez à tomada de decisões, formando um verdadeiro time, esta "desculpa" não tem mais espaço. Sim, mas, e o Departamento Jurídico? Em resposta a esta pergunta frequente, os departamentos jurídicos de empresas de médio e grande porte acabam sendo não apenas uma área de resolução de problemas ou consulta, mas, sim, um apoio constante e de necessária participação na tomada de decisões diretamente ligadas à diretoria. O perfil mudou, os profissionais mudaram. Dentre as novas tarefas, alguns profissionais de jurídicos internos acabam assumindo também as questões relacionadas ao compliance, fato não incomum, atuando de forma preventiva e consultiva. Agindo desta forma, o papel do Departamento Jurídico cresceu, e muito, na adoção de estratégias para prevenir ou amenizar os impactos oriundos de uma turbulência a ser enfrentada logo adiante. A gestão de crise, se é que assim poderá ser chamada, inclui o planejamento anterior à crise em si. Seria como preparar o terreno para evitar danos à imagem da corporação frente aos seus empregados, parceiros e clientes. Um dado alarmante, do último mês de junho, mostra que os pedidos de Recuperação Judicial cresceram 60% em comparação ao mesmo mês de 2015. Esta informação implica afirmar que, sem dúvida, algum tipo de reflexo desta crise sua empresa acabará sofrendo. Evidente, então, a necessária intervenção dos gestores para elaboração de um plano para que, se impactado realmente, haja medidas prontas, oferecendo rapidez, agilidade e, principalmente, afastando maiores danos à corporação. O jurídico é essencial para o equilíbrio destas decisões, seja para análise legal destas como para auxiliar nos demais setores nos contatos que serão realizados, no futuro, com imprensa, fornecedores e clientes, até pelas informações contratuais existentes e de posse da área. Nota-se, portanto, o papel fundamental que os advogados corporativos possuem no sentido de auxiliar a empresa durante esta turbulência. Comitês gestores de informação são fundamentais para o sucesso de uma boa gestão, e nada melhor do que a participação do advogado interno para orientar e opinar sobre as medidas sugeridas. Aliás, além deste planejamento, também a questão envolvendo a recuperação de créditos da empresa para permitir um bom fluxo de caixa é tarefa a ser desempenhada pelo Departamento Jurídico junto ao financeiro/cobrança/contratos, bem como, outras situações oriundas de novos contratos, onde o risco de não recebimento é elevado. Gerir uma crise é extremamente complicado. No entanto, quando há preparo prévio, com a montagem de um planejamento, eleição de interlocutores, implementação de rotinas internas visando noticiar problemas aos empregados antes ou no curso destes, acrescido de estratégias de comunicação com a imprensa e mercado em geral, acabam impedindo ou minorando transtornos ao bom nome da empresa.