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Sucessão familiar: para consultor italiano, o amor é uma coisa, o negócio é outra

05/05/2016

No dia 2 de junho, a Sonata Brasil, em parceria com o escritório Dupont Spiller Advogados, promove em Bento Gonçalves o seminário internacional "Construindo legado - uma empresa para muitas gerações". Um dos participantes do evento será o consultor italiano Paolo Garcia, que possui experiência docente em cursos de MBA na China, Rússia, Ucrânia e Itália, e aprofundará o tema "Empresa familiar competitiva: o que o made in Italy pode ensinar". Abaixo, em entrevista exclusiva, Garcia antecipa alguns ensinamentos. No link a seguir, confira o programa completo do seminário e o perfil de todos os participantes: http://goo.gl/lCAUsR   Quais os principais desafios em se fazer um processo sucessório de sucesso em uma empresa familiar? A maioria dos empresários quer transmitir as atividades aos seus descendentes. O empresário doa o trabalho de sua vida para seus herdeiros para assegurar a continuidade da atividade e por satisfação pessoal de ver os seus descendentes continuar o projeto da família. Mas é preciso continuar a ser competitivo, melhorar constantemente produtos e serviços e lembrar-se aquilo que Lavoisier dizia: "Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". O verdadeiro desafio está em ser capaz de inovar sem perder o antigo núcleo do projeto vencedor. O que a experiência observada nas empresas italianas/europeias pode ensinar às empresas brasileiras? A capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças históricas e culturais. Europa atravessou nos últimos cem anos verdadeiras revoluções: duas guerras mundiais, transformações culturais e econômicas dramáticas, mas sempre se adaptou às novas exigências e aos novos mercados. Frequentemente, as empresas familiares não têm uma missão clara e, se elas têm, falta uma visão perspectiva sobre o futuro. No passado, não era necessário possuir, mas hoje são indispensáveis. Como Charles Darwin disse: "Não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes, mas aquelas que conseguem responder mais rapidamente às mudanças." Segundo uma pesquisa brasileira, de cada 100 empresas, apenas 30 sobrevivem à segunda geração, 15 à terceira e 4 à quarta. O que poderia explicar esse decréscimo?  As razões são variadas: alguns filhos de empresários são completamente alheios à administração da empresa da família porque quem está no poder é sempre o pai. Outras vezes eles executam funções operacionais secundárias ou ocupam posições de prestígio aparentes, mas sem poder real. Ou então foram contratados exclusivamente com base nas expectativas dos pais, mas ninguém nunca perguntou ao jovem o que ele realmente queria fazer com sua vida. No trabalho, as emoções pessoais em relação aos filhos ou em relação aos pais devem dar lugar às necessidades profissionais. O amor é uma coisa, o negócio é outra.

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