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A sucessão longe dos castelos

26/09/2022

Se a troca de comando na monarquia britânica gera estresse e tensão, imagine nas empresas,  desprovidas das tradições e dos protocolos estabelecidos séculos atrás. São inúmeros os casos de organizações familiares sólidas que desmoronaram na hora em que um líder deixou a função e outro deveria  ocupar esse espaço. As turbulências podem ser minimizadas se houver clareza na resposta a uma pergunta, que tantas vezes ouvi na condição de advogado empresarial: Qual o momento certo para começar a pensar sobre sucessão? Não resta dúvida: no exato instante em que alguém senta na cadeira de CEO ou de presidente. Construir um sucessor é questão de responsabilidade empresarial. Os desafios são muitos, mas há caminhos para que as dores sejam menores. O líder que sai conseguirá se desapegar com maior facilidade se tiver alternativas para ingressar em outro momento de vida, quem sabe mais vinculado à propósito e a legado e menos às pressões da operação diária.

A troca de comando nas empresas, especialmente nas familiares, envolve fatores que vão além do organograma formal. Conflitos abafados afloram e disputas, silenciosas ou não, levam à desagregação de valor. Por isso, a estruturação jurídica da transição, muito antes que ela aconteça, é de vital importância.

Em meio à tempestades emocionais, é comum que os acordos verbais sejam esquecidos.

Saber o momento certo de mudar requer maturidade e comprometimento absoluto com o negócio, mesmo quando os filhos não querem ou não estão preparados para assumir e é preciso buscar alternativas.
A estruturação da governança da sucessão se bifurca em dois eixos.

A governança familiar, que busca harmonizar as relações da família empresária, também tem seu foco na preparação dos herdeiros e dos sucessores. A governança corporativa garante que as ambições e desejos da família empreendedora possam ser atingidos materialmente. A monarquia britânica conseguiu  transformar a proclamação do rei Charles, apesar da profunda emocionalidade do momento, em uma reafirmação de solidez e de perenidade. As empresas não precisam de tanta pompa e luxo para alcançar o mesmo. Precisam de planejamento e de organização.
Alessandro Spiller,

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